sábado, 30 de janeiro de 2010

Corrida pela casa própria causa 'boom' nos preços de imóveis em SP e no RJ

Valorização do preço de apartamentos do Rio chegou a 70% em 2009. Em São Paulo, bairros registram aumento acima da inflação há vários anos.

Os números mostram que o Brasil vive uma verdadeira "corrida" pela casa própria. A Caixa Econômica Federal financiou em 2009 o valor recorde de R$ 47 bilhões para o setor imobiliário. Os lançamentos de imóveis novos estão em alta – segundo dados do sindicato da habitação, a oferta de imóveis residenciais novos cresceu 60% em novembro de 2009 sobre igual período de 2008. Além disso, o programa "Minha casa, minha vida" promete dar fôlego à baixa renda.

Os bancos privados, antes tímidos no setor, começam a ganhar espaço e oferecem financiamentos mais competitivos tanto nas agências quanto nos plantões de construtoras. O Bradesco, por exemplo, oferece taxa anual de 7,8% para a baixa renda (imóveis de até R$ 150 mil) durante os primeiros 36 meses do contrato; depois, o juro sobe para 9,5%.

Segundo o superintendente de crédito imobiliário do banco, Cláudio Borges, a instituição oferece uma negociação "caso a caso" – por isso, diz ele, vale ir à agência e ver o que o gerente pode oferecer. Outra "frente" que os bancos privados estão abrindo é a do financiamento de imóveis na planta. Por financiar a obra, eles garantem a preferência em oferecer crédito aos compradores.

O G1 apurou que tanto o Bradesco quanto o Santander financiam atualmente cerca de 600 construções pelo país cada um. "O objetivo é fidelizar o cliente desde o início do relacionamento e depois trazê-lo como cliente [para o banco]", explica o executivo do Bradesco.

Rio de Janeiro

Com o aumento da disponibilidade de crédito, cresceu também a demanda por imóveis. Como ocorre com todo produto com muita procura, os preços de casas e apartamentos subiram em São Paulo e no Rio.

Na capital fluminense, onde há forte restrição de espaço para construção, os valores dos imóveis chegaram a subir cerca de 70% somente em 2009, segundo dados do Secovi-RJ. Isso afetou o mercado de locação: em Ipanema, o aluguel de um apartamento de quatro quartos teve alta de 160% no ano passado.

De acordo com Leonardo Schneider, vice-presidente de assuntos condominiais do Secovi-RJ, a Zona Sul tem poucos terrenos disponíveis. Por isso, em vez de olhar somente para bairros que já estão valorizados (no Leblon e em Ipanema, apartamentos de dois quartos saem por R$ 700 mil), Schneider diz que vale a pena buscar bairros com potencial de valorização.

Ele diz que o centro, com o projeto Porto Maravilha, parte das obras para as Olimpíadas de 2016, pode ser uma opção – isto é, caso a revitalização da área saia do papel. "Espremido" entre mar e montanha, o Rio concentra vários bairros em uma área relativamente pequena; mesmo em áreas localizadas lado a lado, lembra Schneider, a variação de preço pode ser grande.

De acordo com o vice-presidente do Secovi-RJ, o preço do metro quadrado pode chegar a R$ 15 mil em Ipanema, inflando até R$ 20 mil se o apartamento ficar de frente para a praia. Entretanto, em áreas como Gávea, Jardim Botânico, Botafogo e Laranjeiras, o metro quadrado cai para R$ 8 mil; no Flamengo, vai a R$ 4,5 mil; no centro, fica em torno de R$ 4 mil.

São Paulo

Em São Paulo, onde a quantidade de terrenos disponíveis é maior, os preços não subiram tão rapidamente, mas vêm superando a inflação, segundo o presidente do Secovi-SP, João Crestana. Ele diz que, por mais de uma década, o valor dos imóveis residenciais subiu entre 2 e 3 pontos percentuais acima da inflação.

"Isso significa uns 40% acima da inflação em 12 anos", diz ele. "Onde há pouca oferta de terreno, os preços subiram mais", diz ele, citando bairros como Pinheiros, Perdizes, Itaim e Vila Madalena.

Para 2010, diz Crestana, um novo mercado se abre: o da baixa renda, que tem déficit de 8 milhões de unidades. Ele diz que essa demanda reprimida dá margem para as construtoras trabalharem fortemente o segmento por 15 anos

"Esse mercado era praticamente inexistente, e ficou muito forte com o programa 'Minha casa, minha vida'. O atendimento a essa demanda será forte, passando de 50 ou 60 mil unidades em 2009 para cerca de 300 mil unidades em 2010. O setor está muito esperançoso", explica.

Enquanto as construtoras se acotovelam para achar espaço nos bairros nobres, a baixa renda se move para regiões mais distantes. Crestana diz que, no caso do 'Minha casa, minha vida', as habitações têm que custar até R$ 120 mil.

"Dá para fazer. Já fizemos na Zona Leste por R$ 95 mil", diz ele, referindo-se à empresa que administra. Ele diz que o padrão desses empreendimentos mudou, com os prédios ficando mais altos. "Fora do centro [da capital], é possível 'torrear' incorporações. Já entreguei prédios de 10 a 12 andares em Itaquera."

Efeito do financiamento

Para a gerente-geral da Lello Imóveis, Roseli Hernandes, os preços dos imóveis devem continuar a subir, especialmente por conta do financiamento farto. Segundo ela, do total de vendas imóveis usados da Lello, somente 35% são vendidos a prazo – o restante ainda é adquirido à vista.

A corretora diz que, se o objetivo é adquirir um imóvel para investimento, neste momento o melhor é investir nos apartamentos de um ou dois quartos, que são escassos na capital paulista e alugam com facilidade.

A gerente da Lello diz que é preciso sempre levar o fator localização em conta. Se está muito caro em um determinado bairro, vale a pena olhar nas imediações. “Ao lado de Higienópolis [em São Paulo], há bairros como Santa Cecília, Liberdade, Campos Elíseos e Consolação que ainda são mais em conta. Tem que saber procurar.”

*com informações publicadas no site G1 do portal Globo.com

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