sábado, 20 de fevereiro de 2010

Seguro da casa própria: o segredo é pesquisar

A partir de agora, quem financiar a compra de um imóvel novo ou usado pode escolher a melhor proposta entre três seguradoras. A concorrência vai reduzir valor da prestação

As novas regras para oferta de seguro habitacional entraram em vigor ontem, mas os primeiros resultados no bolso dos consumidores só devem aparecer no período de seis meses a um ano. Os benefícios podem vir em forma de barateamento ou da inclusão coberturas alternativas. Por enquanto, a maior diferença pode estar na pesquisa de preços.

Pela determinação do Banco Central e da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a partir de agora, no momento da contratação de um financiamento imobiliário os bancos devem oferecer aos contratantes ao menos duas alternativas de seguro habitacional (que entra no valor da prestação): a própria e a de uma seguradora na qual a instituição não tenha participação. Além destas duas, o consumidor pode pesquisar outras alternativas e ficar com a que mais interessar.

Na avaliação de Armando Virgílio, superintendente da Susep, as novas regras devem baixar para 2% a representação do seguro habitacional na prestação da casa própria. Hoje, afirma ele, 10% do total da parcela mensal corresponde ao seguro. “Conforme a idade do mutuário a equivalência pode chegar a 20%”, diz Virgílio. O seguro habitacional, incluído nas prestações mensais da compra de imóveis novos ou usados, deve cobrir obrigatoriamente danos físicos do imóvel (DFI), como enchentes e explosões, e morte ou invalidez permanente (MIP) do mutuário principal, o que quita automaticamente o saldo devedor do financiamento.

Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), acredita que as mudanças no produto irão estimular a concorrência no mercado, mas os resultados não serão imediatos. Santos afirma que só haverá novidades à medida em que as seguradoras sentirem que o mercado seja terreno fértil para suas ofertas. “Acredito que os progressos apareçam dentro de um ano ou algo assim”, avalia.

Santos afirma que não necessariamente a evolução do mercado para o seguro habitacional se dará sob a forma de redução de preços. “Outra maneira de atrair consumidores é oferecer coberturas adicionais às obrigatórias”, diz. O diretor da Faap fala, por exemplo, de alguma garantia para perda da renda ou assistência a outro bem do contratante.

Santos afirma que a atuação do consumidor na pesquisa de preços será fundamental para que o novo mercado cresça. Ele lembra que os interessados devem verificar, além dos preços, as coberturas e “principalmente” as exclusões, isto é, quando a cobertura não pode ser reivindicada. “O melhor é procurar a ajuda de corretores que conheçam o mercado”, indica.

Leoncio Arruda, presidente do Sindicato dos Corretores do Estado de São Paulo (Sincor-SP), afirma que se as regras forem seguidas à risca o mercado tem tudo para avançar. “Se as instituições não forçarem os consumidores a aceitarem suas propostas de seguro como condição para o financiamento as novas regras terão êxito”, observa.

Arruda também não crê em queda de preços a curto prazo, uma vez que o mercado terá um tempo de maturação, mas avalia que dentro de seis meses pode haver novidades que beneficiem, inclusive, o bolso dos futuros mutuários. O presidente do Sincor-SP recomenda que no momento da pesquisa de um produto que se molde a suas necessidades, o consumidor busque corretores para ajudá-lo.

Parcerias

As regras entraram em vigor ontem, mas algumas instituições financeiras já anunciaram parcerias com seguradoras para oferecer aos consumidores novas alternativas de seguro habitacional.

O Bradesco fez parceria com a Aliança do Brasil, empresa que conta com a participação do Banco do Brasil. Aos interessados que procurarem o banco em busca de crédito imobiliário serão oferecidos produtos da Aliança e da Bradesco Seguros. O grupo Santander firmou parceria com a Tokio Marine, que também atuará ao lado do banco Itaú.

A Caixa Econômica Federal, que detém cerca de 70% do mercado de seguro habitacional, por ser também a principal agente de crédito imobiliário no País, firmou parceria com a Sulamerica Seguros. A exemplo do Bradesco e do Santander, o site da Caixa já conta com simuladores adaptados às novas regras, que permitem aos interessados verificarem valores de financiamentos com produtos das parceiras. No caso da Caixa, o valor do seguro oferecido pela Sulamerica é menor que o da Caixa Seguros, braço da empresa para o mercado securitário (veja quadro). Procurada para comentar o preço maior, a Caixa não se manifestou.

No caso dos outros bancos, seus valores são menores que os oferecidos pelas seguradoras parceiras.

*com informações publicadas no Jornal da Tarde

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