Muito se tem noticiado sobre os assaltos e as ações criminosas e, para se proteger, alguns edifícios estão até trocando o porteiro por seguranças treinados e mais impessoais, que desconhecem os moradores.
Após tomar conhecimento da situação relatada, mais uma vez observamos que a falta de orientação profissional adequada produz resultados indesejáveis por meio de medidas inadequadas.
A portaria de um edifício, quer seja ele comercial ou residencial, pode ser considerada a área mais importante dessas instalações. Para que possamos demonstrar a complexidade das atividades desenvolvidas numa portaria, relacionamos algumas delas: controle de acesso de pedestres e veículos, recebimento e despacho de correspondência e encomendas, guarda de chaves dos moradores e próprias das instalações, visualização do circuito interno de câmaras, acionamento de luzes e outros controles das áreas comuns, atendimento do interfone e do rádio de comunicação da segurança, entre outras.
É comum encontrarmos nos condomínios residenciais um só porteiro responsável por todas essas tarefas, numa jornada de 12 horas contínuas de trabalho. Quando me deparo com situações como essa, logo me vêm as seguintes perguntas: quem fica no lugar dele no momento de ir ao banheiro? No horário de refeição, como é feito o serviço? Quais as alternativas que o condomínio tem para cobrir a falta do profissional? Além dessas perguntas mais simples outras tantas são feitas e, na maioria das vezes, a resposta dos síndicos é a mesma, ou seja, “nessa hora ficamos desprotegidos”. Eles aceitam o risco mesmo sabendo das vulnerabilidades e das condições precárias em que os porteiros trabalham.
Gostaria de destacar o que já está bem claro no início do texto, onde porteiros que ganham um salário médio de R$ 550 estão sendo substituídos por vigilantes que têm proventos em torno dos R$ 950. É claro que será muito mais fácil encontrar um profissional mais bem preparado. Esse ainda não é o ponto, pois em grande parte dos condomínios não há um manual de normas e procedimentos atualizado, deixando por conta do porteiro e risco dos condôminos as tarefas que são executadas no dia a dia.
Acredito que quem deva ser orientado primeiro sejam os síndicos; em seguida, os moradores; e depois, os prestadores de serviço. O risco de não conhecer os moradores é muito maior no meu entendimento, pois não há uma cultura de rigidez nos processos e falta supervisão nos serviços que são realizados nos prédios residenciais, principalmente por que os custos são colocados na frente dos resultados desejados.
*opinião publicada no Jornal da Tarde
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