terça-feira, 6 de julho de 2010

A melhor forma de guardar dinheiro

O melhor goleiro do mundo, uma defesa forte, meio-campo confiável, atacantes talentosos. Assim era o time do Brasil. Perdeu.

Um técnico carismático e incentivador, o talento indiscutível de Messi na armação, um ataque que não perde chances. Esta era a Argentina. Caiu.

Desta forma, acumulando características positivas aos montes e orientados por estratégias tidas como infalíveis, voltaram para casa dois dos maiores favoritos à Copa do Mundo. Voltaram porque não existem estratégias infalíveis.

Esse antepasto futebolístico está sendo servido na coluna como analogia, porque a busca por estratégias infalíveis não ocorre só no esporte. Essa ideia está presente também no mundo das finanças. Ela costuma aparecer como “a melhor opção de investimento” ou como “uma oportunidade imperdível”. Muitas vezes vem recomendada por um amigo ou conhecido que ganhou muito dinheiro dessa forma.

Não estou dizendo que o tal amigo está mentindo. Prova­velmente ele se deu bem mesmo. O problema é que investimento é algo bem pessoal. Está ligado à fase da vida, aos objetivos de cada um, à maneira como se relaciona com posses e até com as pessoas. E isso significa que não há nenhuma garantia que a receita que deu certo para outra pessoa vai funcionar com você também.

Mesmo assim, as pessoas continuam buscando uma solução universal, e isso é compreensível – afinal, ninguém quer meter os pés pelas mãos e pôr em risco as economias de uma vida. A Dirlene escreveu para a coluna com uma pergunta que seguia nessa linha. “Gostaria de saber qual é a melhor forma de guardar dinheiro”, disse. “Já escutei que a poupança rende muito pouco e que uma ótima escolha é o Tesouro Direto. Gostaria de saber se realmente é verdade e como faço para aplicar.”

Dirlene, cada forma de investimento tem uma virtude. Mes­mo a caderneta de poupança não deve ser desprezada: quem tem um horizonte de investimento curto (ou seja, vai precisar do dinheiro dentro de seis meses, por exemplo) tem nela uma alternativa segura.

Quanto ao Tesouro Direto, ele realmente é um investimento muito interessante. Trata-se da compra de títulos da dívida pública, diretamente do governo federal. Esses são os mesmos papéis que os bancos compram para rechear os fundos de investimento de renda fixa. Muitos deles são de prazo bem longo – ontem, por exemplo, havia papéis disponíveis com vencimento em maio de 2045. Essa é uma vantagem para quem está poupando dinheiro para a aposentadoria. Em especial porque todos acreditamos que o Brasil tende a se tornar um país normal nos próximos anos. Isso significa que devemos nos acostumar com taxas de juros mais baixas do que as atuais. Se você conseguir investir agora e “travar” seus ganhos com os porcentuais de hoje em dia, os ganhos serão bastante respeitáveis.

Leitura

Para investir no Tesouro Direto é preciso ter uma conta de investimento em um banco ou uma corretora. As operações são feitas pelo site do Tesouro, mas os papéis ficam sob custódia da instituição financeira. Elas cobram uma taxa de administração para isso, e os valores variam de zero (corretoras Banif, Socopa e Spinelli) a 4% ao ano (Banco Itaú). Os bancos comerciais costumam cobrar mais caro, e eles têm o inconveniente de ter poucos profissionais bem informados para ajudar o investidor.

Outra coisa que o investidor precisa saber sobre os títulos é que eles têm liquidez semanal. Traduzindo: eles podem ser negociados uma vez por semana. Isso significa que, se você precisar do dinheiro antes do vencimento, pode vender os papéis às quartas-feiras. Eles têm valor de mercado, flutuando conforme a oferta e a demanda.

Se quiser saber mais antes de investir, é bom ir fundo. Há alguns bons livros sobre o assunto nas lojas, como Títulos Públicos sem Segredos, de Fábio Guelfi Pereira (editora Campus/Elsevier, R$ 39,90) e O Mapa do Tesouro Direto, de Mara Luquet (editora Saraiva, R$ 17,60). O economista Humberto Veiga tem um e-book que pode ser baixado do seu site (www.betoveiga.com.br), por R$ 15,00.

*do Blog do Franco Iacomini

Nenhum comentário:

Postar um comentário