Com a sexta eleição presidencial desde o fim da ditadura, o Brasil consolida sua mais extensa era democrática, que soma apenas 40 anos ao longo da história do País.
A eleição presidencial de amanhã marca o mais longo período democrático da história brasileira - será o sexto pleito direto para presidente desde o fim do regime civil-militar de 1964, o quarto mandato cuja sucessão se dá normalmente. Curiosamente, trata-se de uma história cheia de votações, mas pobre de democracia. Vota-se no Brasil desde a Colônia, com as eleições para Câmaras de Vereadores, nos processos de independência, durante a República Velha - cuja proclamação o Estado saudou em16 de novembro de 1889, com a manchete "Viva a República" - e após as ditaduras do Estado Novo e de 64.
O povo, contudo, foi mantido à margem da maior parte das decisões. Somados os 19 anos de democracia pós-1945 e os 21 posteriores à Constituição de 1988, chega-se a 40 anos, equivalentes a um terço do período republicano, 21,2% da vida independente e menos de 10% da história do Brasil. Com a eleição de 2010, porém, o País supera 1946-64 em duração da democracia.
Nossa maturidade democrática chega, porém, embrulhada em contradição, na campanha presidencial mais dura desde a redemocratização. Nela, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) travam disputa marcada por pouca discussão política, forte polarização e desconstrução da imagem do adversário. Há também a intensa participação do presidente da República como cabo eleitoral - segundo pesquisadores, inédita na República. Ainda assim, historiadores veem com otimismo a história das eleições. "Ainda estamos engatinhando na construção da democracia, mas não é especificidade brasileira", diz Daniel Aarão Reis Filho, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para Maria Celina D’Araújo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), a elite brasileira resolve suas divergências votando, e a sociedade tem o voto como um de seus valores. A República vive.
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