Está mais difícil conseguir uma aprovação de crédito para compra financiada de veículo seminovo ou zero quilômetro. Pesquisa divulgada ontem pela agência de varejo automotivo MSantos mostra que para cada 100 pedidos de crédito feitos na segunda quinzena de agosto, apenas 38 foram atendidos. Em 2010, o índice médio de aprovações apurado pela empresa foi de 70%.
O cenário é reflexo das medidas tomadas pelo Banco Central em dezembro para desacelerar o crédito e o consumo aliadas a um aumento da inadimplência.
Diante dessa situação, bancos e financeiras adotam um comportamento mais conservador na hora de liberar o crédito e o consumidor disposto a financiar a compra do carro encontra mais dificuldades.
Destaque em 2010, o financiamento em 60 vezes sem entrada, que tem grande apelo entre a classe média, está mais exigente neste ano.
“Essa opção é apenas para quem tem emprego estável, renda acima de R$ 3 mil, casa própria e bom histórico de crédito. Os consumidores da classe média, que mantinham o mercado aquecido, hoje não conseguem comprar nessas condições”, analisa o economista Ayrton Fontes, da MSantos.
Atualmente o mercado exige uma entrada — cujo valor varia de 20% a 40% do preço total do veículo — principalmente nos parcelamentos de longo prazo.
Se no ano passado a média da taxa de juros oscilava entre 1,4% a 1,5% ao mês com ou sem entrada, hoje as taxas chegam a 2,5% para quem não fizer um pagamento inicial. Já quem pagar 20% de entrada encontra taxas de 1,8%. No caso de 40% de entrada, a média é de 1,4% em financiamentos de 60 meses.
Desaceleração
Taxas de juros mais altas, endividamento do consumidor e crédito mais difícil resultam em queda de movimento nas concessionárias.
De acordo com especialistas, a venda para frotistas (locadoras, empresas como laboratórios e indústria) tem sustentado o mercado de automóveis, que entre janeiro e agosto deste ano cresceu 7,53% em comparação com o mesmo período de 2010, atingindo 2,233 milhões de unidades.
“O mercado está preocupado com a queda das vendas no varejo”, observa o professor Valdner Papa, que leciona no curso de gestão de concessionárias da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Para o professor da ESPM, na comparação entre o último trimestre de 2010 e o primeiro trimestre deste ano, as vendas para o varejo caíram 5%, enquanto para frotistas aumentaram 6%.
No começo deste mês, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) demonstrou preocupação com os altos estoques de veículos nas concessionárias, que em agosto representavam 40 dias de venda, quando o normal está entre 21 e 22 dias.
Na avaliação do diretor da Faculdade de Administração da Faap, Tharcisio Souza Santos, não é hora para fazer dívidas. “O cenário externo é ruim. Por enquanto, o Brasil não está envolvido e as pessoas continuam consumindo, mas é provável que os problemas reflitam no País.”
*com informções publicadas no Jornal da Tarde
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