terça-feira, 19 de maio de 2009

Metade dos ganhadores de consórcio aplica dinheiro e adia compra

No país, metade dos consumidores que foram sorteados em um consórcio preferiram aplicar o dinheiro a comprar o carro, a moto ou o imóvel logo depois de serem escolhidos. Os dados são da ABAC (associação de administradoras de consórcios), referentes às carteiras de crédito concedidas até março deste ano.

Nas regras dos consórcios, os sorteados que não quiserem comprar o bem logo depois podem deixar o dinheiro rendendo em um Título do Tesouro até o final do grupo de consórcio.

Para especialistas, a crise econômica pode ter contribuído para que os consumidores sorteados tenham adiado as compras. Isso porque muitos ficaram com medo de perder o emprego e não ter como pagar as despesas com o novo bem.

Recomendação

Para o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a aplicação só compensa se o sorteado não puder comprar o bem naquele momento. Esperar vale a pena, por exemplo, quando o consumidor é sorteado em um momento em que não pode arcar com custos com a documentação, o seguro ou a manutenção do novo carro.

Mas, quem tem a ideia de aplicar até o final do consórcio para aproveitar os juros da aplicação e comprar um bem melhor no final do consórcio pode sair perdendo. "Os consumidores não devem pensar no consórcio como uma aplicação financeira, pois não compensa, especialmente devido às taxas administrativas cobradas", avalia Ribeiro.

Além disso, os sorteados que estão adiando as compras na expectativa de encontrar preços mais baixos no mercado podem ter prejuízo, pois, de acordo com a Anefac, a tendência é que o preço de carros, motos e imóveis aumente. "Após um período de crise, os bens tendem a valorizar novamente", afirma.

Para o presidente da Abac, Luis Fernando Savian, a aplicação financeira é uma opção a mais.

"Com os rendimentos, o consorciado mantém o poder de compra, mesmo se optar por não adquirir o produto naquele momento", diz.

No caso dos consórcios de automóveis, por exemplo, esse também é um bom momento para os sorteados apressarem as compras e não perderem os descontos de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

No final do ano passado, a Abac propôs ao Congresso que os sorteados tivessem algum benefício a mais se retirassem os bens em até 90 dias.

83% não compraram o imóvel

Os consórcios de imóveis são os que mais têm consumidores sorteados que aplicaram o dinheiro ao invés de adquirirem a casa ou apartamento --um total de 82,89%. Até março deste ano, de 87.770 sorteados, apenas 15 mil compraram o imóvel --o que representa 17% do total.

Segundo especialistas, no mercado de imóveis, a tendência é que os preços subam nos próximos meses, especialmente com o aumento da procura devido a programas de habitação e feirões.

No setor de automóveis, a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) impulsionou a compra. Dos 105.082 contemplados até março deste ano, 44.704 estão com novos carros --o correspondente a 43% das cartas de crédito concedidas.

Já os descontos para as motocicletas não tiveram o mesmo impacto. Atualmente, são 102.866 consumidores que não compraram a moto até o primeiro trimestre.

*com informações da Folha de São Paulo

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