A casa de concreto resistiu. Por mais de um ano, o protótipo construído no Laboratório de Tecnologia de Concreto, de Itaipu, foi submetido a uma bateria de testes. E passou por todos. Agora, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) vai enviar o relatório final à Caixa Econômica Federal. Com a formalização, a nova tecnologia de construção de casas de concreto pode fazer parte das linhas de financiamento da Caixa. Os testes foram feitos em parceria entre a ABCP e a Itaipu Binacional.
No começo do ano passado, o protótipo da casa de concreto começou a ser construído no Labtecon. Dezesseis toneladas de cimento depois, os testes começaram a ser feitos.
Segundo o representante da ABCP no Paraná, Alexsander Maschio, a autorização de financiamento da Caixa pode acontecer de duas maneiras: ou apenas da parede de sete centímetros ou de toda a tecnologia de construção da casa, idealizada pelo empresário Narciso Eidt. “Já existem no mercado paredes de dez centímetros, nosso objetivo foi mostrar que as paredes de sete centímetros também atendem a todos os requisitos, viabilizando a construção de casas mais baratas”, informou Alexsander.
Foram feitos ensaios térmico, acústico, lumínico, de resistência da estrutura, entre outros. De acordo com Alexsander, o ensaio mais complicado foi o acústico. “Nas primeiras medições, a casa não atendia aos requisitos, deixando entrar mais decibéis dentro da casa do que os 35 permitidos pela norma”, disse. Os técnicos pesquisaram e viram que o problema estava na instalação das esquadrias da janela. Foram feitos novos testes, usando um túnel direcionado à parede. A casa passou. “No relatório, sugerimos o uso de outro tipo de esquadrias”.
Outro teste complicado, e o que gerava mais dúvidas no pessoal que participou dos ensaios, foi o térmico. “Tivemos que fazer as medições ao longo de todo o ano, para comparar a diferença de temperatura no inverno e no verão”, conta Alexsander. Para as medições, foram coletados dados do Weather Channel, da estação pluviométrica de Itaipu e do Simepar. A casa também passou.A bateria de testes incluiu ensaios lumínicos, ou seja, sobre a entrada de luz no interior da residência. Também foram realizados testes da resistência das paredes e do batente das portas a grandes impactos. O objetivo era saber se a parede resistiria a uma pancada de um móvel, por exemplo, ou se a porta poderia ser fechada com força. Os profissionais testaram ainda a resistência das paredes a buchas de 6, 8 e 10 polegadas que, amarradas a peso, imitavam a deformação causada por uma prateleira. Finalmente, uma parede da casa foi incendiada por meia hora, para verificar se entravam gases no interior. Fora umas pequenas fissuras, previstas pela norma, a casa se saiu muito bem.
A assinatura da Caixa Econômica Federal deve acontecer na semana que vem e pode ser feita na própria Itaipu, diante do protótipo instalado no Labtecon. De acordo com Alexsander, só foi possível fazer todos estes testes com o apoio do profissionais do Labtecon e dos equipamentos de Itaipu.
*publicado no Jornal de Itaipu
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