Os saques do FGTS destinados ao financiamento habitacional superaram, pela primeira vez em três anos, os resgates direcionados à aposentadoria. No primeiro trimestre do ano, 220.505 trabalhadores sacaram R$ 1,577 bilhão para comprar a casa própria - o equivalente a 13,6% do total de resgates do FGTS. Já as retiradas dos 947.638 profissionais que se aposentaram somaram R$ 1.474 bilhão, ou 12,7% do total.
Historicamente, mais de 60% das retiradas do Fundo são referentes às demissões - tendência que se manteve em 2010. Porém, ao menos desde 2008, as aposentadorias costumavam ficar em segundo lugar no ranking de resgates, e os financiamentos habitacionais, em terceiro. No primeiro trimestre de 2009, por exemplo, estas modalidades responderam, respectivamente por 64,8%, 12,2% e 9,8% dos saques.
Mas o boom do crédito imobiliário mudou o cenário em 2010. As retiradas para compra da casa própria cresceram 27,4% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. “Como o crédito imobiliário deve crescer entre 25% e 30% este ano, é natural que os resgates do FGTS para este fim apresentem um desempenho superior ao das demais modalidades”, analisa Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
Mas mesmo com o expressivo aumento da procura por dinheiro para financiar a casa própria, não há risco dos recursos do FGTS voltados para este fim se esgotarem - desde que as regras para utilização do Fundo permaneçam como estão, é claro. “Há uma centena de estudos para mudar a destinação dos recursos do FGTS. Mas, ao menos pelos próximos cinco anos, se as regras não se alterarem, não há motivo para os recursos se esgotarem, mesmo que o mercado de crédito imobiliário cresça muito”, afirma Petrucci.
A argumentação do economista se baseia, entre outras coisas, no fato de que a arrecadação do FGTS anda de mãos dadas com o crescimento do emprego formal - o que garante que, em tempos de desenvolvimento econômico e aumento da demanda por financiamentos habitacionais, sempre haja também um incremento dos recursos disponíveis no Fundo.
É exatamente o que ocorre agora. Embora a procura por crédito imobiliário tenha aumentado consideravelmente, a arrecadação do Fundo também cresceu. Aliás, bateu recorde. Nos três primeiros meses de 2010, o FGTS registrou uma captação líquida de R$ 3,75 bilhões - alta de 152,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
*com informações publicadas no Jornal da Tarde
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