O PRINCÍPIO
O criminalista David Weisburd (da Universidade de Jerusalém, ganhador do Prêmio Estocolmo 2010 de criminologia), diz que um pequeno número de ruas concentra um grande número de crimes (com base em taxas de homicídio em cidades americanas como Jersey City e Minneapolis, Weisburd comprovou que 50% dos crimes ocorrem em apenas 4% da malha urbana).
O criminoso, a exemplo de qualquer cidadão, tende a ficar onde lhe for mais cômodo. Para o pesquisador, somente a cumplicidade entre policiais e a população pode alterar esse quadro.
A REPORTAGEM
A Gazeta cruzou o número de homicídios em Curitiba e região em 2008 e 2009. Foram 3.050 mortes em mil ruas – 557 da capital e 443 na RMC – 20 vias concentram o grosso das ocorrências. O arruamento não é 100% seguro: os registros do IML às vezes substituem o endereço do crime pelo bairro ou hospital do óbito.
A HIPÓTESE
As ruas mais violentas de Curitiba e região metropolitana assim o são porque apresentam problemas de infraestrutura urbana, baixa influência das redes sociais (escolas, igrejas e associações de bairro), ausência de policiamento e de políticas de habitação.
Curitiba Av. Juscelino Kubitscheck e Rua Cid Campelo (CIC); Rua Nicola Pellanda (Pinheirinho/Umbará); Rua Anne Frank (Boqueirão); ruas Maurício Fruet e da Trindade (Cajuru).
Araucária Rua Lótus, Rua das Dálias e Rua das Palmas (bairro Capela Velha; Rua Beija-Flor e Rua Saracura (Jd. Califórnia).
Almirante Tamandaré Rua Alberto Krause (Vila Tanguá); Rua Guilherme Graboski (Jd. Vitória).
Colombo Rua São Gabriel (bairro São Gabriel); Rua das Flores (Jd. Monte Castelo); Rua Padre Domingos Marini e Rua Rafael Francisco Greca (bairro Itajacuru); Rua Carlos Fontoura Falavinha (Jd. Ana Terra).
Piraquara Rua Betonex (bairro Guarituba).
***Ruas tiveram entre 3 e 8 homicídios de 2008 a 2009. Não foram contabilizados homicídios duplos, triplos e chacinas.
TRIBUNA
A palavra de quem estuda a geografia da criminalidade.
- Coronel Roberson Bondaruck, autor de A Prevenção do Crime Através do Desenho Urbano. Em sua opinião, a concentração de delitos em determinadas ruas se dá pela presença de matagais, por exemplo; absorção cultural de pequenos delitos; demarcação de território por traficantes e ausência do poder público. O que pode ser feito? Programas de regularização e integração urbana de áreas irregulares; projetos de iluminação pública e paisagismo; melhoria de áreas degradadas.
- Jaílson de Souza, coordenador geral do Observatório de Favelas. No Rio de Janeiro, 50% dos crimes ocorrem em um espaço circunscrito a 10% da cidade. Para ele, as razões podem ser da falta de efetivo policial a proximidade de espaço controlados por grupos de criminosos. O que pode ser feito? Política de segurança pública não ficar somente nas mãos da polícia, mas envolver – como ocorre na saúde e na educação – outras instituições sociais e os cidadãos
Veja os critérios avaliados pela reportagem na visita as 20 ruas com o maior número de homicídios
Para ler a matéria completa, sob o título: Ruas da Amargura, publicada na Gazeta do Povo, clique aqui
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