Em cinco anos, o trabalhador que ganha R$ 4,2 mil por mês já deixou com o Leão quase R$ 62 mil. Se a tabela tivesse acompanhado a inflação, o valor cairia para R$ 38 mil.
O Jornal Nacional mostrou, na quarta-feira (4), que a soma de impostos pagos por todos os brasileiros este ano já passou de meio trilhão. Nessa bolada, entra o Imposto de Renda na fonte e, nos últimos 15 anos, a correção da tabela desse imposto abaixo da inflação tem custado muito caro aos trabalhadores brasileiros.
É abrir o contracheque e pronto: o humor muda. “Cada mês que passa, a gente acaba descobrindo que está pagando mais imposto”, explica o metalúrgico José Morgado.
“O RH fica lotado, a pessoa falando que o cálculo está errado”, diz um homem.
Essa perda de salário também tem consequencia direta em uma fabrica: é que muita gente não está mais disposta a fazer hora extra. Um problemão, porque os pedidos aumentaram e tem trabalho pra todo mundo.
“Você trabalha dois finais de semana, um é do governo. Um o Leão leva embora. Então, eu não faria”, admite outro homem.
A mordida é dolorida por que nem a tabela do Imposto de Renda nem a dos limites de abatimento vem sendo corrigidas pela inflação. E essa diferença é grande: 44% nos últimos 15 anos.
Quem teve o salário reajustado pela inflação desde 1996 e agora ganha, por exemplo, R$ 4,2 mil por mês, pagou, no ano passado, R$ 6,5 mil de Imposto de Renda. Se a correção da tabela também estivesse sendo feita pela inflação, o valor do Imposto de Renda seria bem menor: R$ 3,35 mil.
De 1996 para 2011, o mesmo trabalhador já deixou com o Leão, em valores de hoje, quase R$ 62 mil. Se a tabela tivesse, ano a ano, acompanhado a inflação, o valor cairia muito: para R$ 38 mil.
“Isso foi gerado pelo período que ficou interrompida a tabela, que ficou congelada a tabela. Depois ele teve a correção, mas essa correção continua sendo abaixo da inflação”, explica a consultora Tatiana da Ponte.
“Imagina isso aí investido para nós para, no futuro, a gente ter um retorno, seria bem melhor”, fala a técnica de segurança Cintia Magri.
*com reportagem do Jornal Nacional na edição do dia 05/05/2011
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