quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Carro: calote na prestação cresce

O brasileiro está com dificuldades para pagar o financiamento do carro. A taxa de inadimplência segue em alta e atingiu 4,4% em setembro. O índice de atrasos superiores a 90 dias é maior que os 3,1% registrados no mesmo mês de 2010 e voltou ao patamar de dezembro de 2009. Os dados são da agência MSantos, especializada em varejo automotivo, e do Banco Central (BC).

E o indicador não dá sinal de queda. Isso porque os atrasos entre 15 e 60 dias e entre 60 e 90 dias funcionam como termômetro. No primeiro caso, ocorreu uma alta de 28% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já no segundo caso, a elevação foi de 17%. “A situação é preocupante porque a taxa de inadimplência está em uma escala ascendente”, avalia o economista da MSantos, Ayrton Fontes.

A classe média emergente foi responsável pelo aquecimento do setor em 2009 e 2010, mas também está pressionando a alta da inadimplência, segundo a pesquisa da MSantos com agentes de cobrança. “Na hora de comprar o carro, o consumidor avalia se a prestação cabe no orçamento. Mas é preciso levar em consideração que o carro é um consumidor de renda e inclui gastos com combustível, seguro, impostos e eventuais manutenções”, destaca o professor de finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Adriano Gomes.

Quem se enrolou com as prestações terá que enfrentar as agências de cobrança. Isso porque os bancos recebem os pagamentos dos boletos com até 15 dias de atraso. Depois disso, o serviço é terceirizado e as agências são acionadas. “Os consumidores estão mais acostumados a renegociar dívidas do cartão de crédito e cheque especial. Mas a situação envolvendo a compra do carro é diferente e a facilidade não é a mesma com as agências”, diz Fontes. O que o endividado pode conseguir é um desconto nas taxas de cobrança, mas não o parcelamento da dívida.

Em algumas situações analisadas caso a caso, o cliente consegue negociar direto com o banco o refinanciamento do carro com a inclusão das prestações atrasadas e um alongamento do prazo para pagamento. Mas nem sempre é a melhor solução. É preciso fazer as contas para avaliar a real capacidade de pagamento. O professor do Laboratório de Finanças (Labfin/FIA), Keyler Rocha, aconselha a organizar as despesas e evitar compras por impulso “O 13º salário pode ajudar o endividado.”

“A solução racional para quem não está conseguindo pagar o carro é vender”, afirma Gomes. Caso a dívida ultrapasse 90 dias, o banco pode entrar com uma ação para retomada do bem. O veículo é apreendido, vai a leilão por um preço abaixo do mercado e ainda vai sobrar um saldo para o consumidor pagar. “Mesmo que ele não consiga recuperar as parcelas já quitadas, ele deve transferir o financiamento e levar em consideração que ele usou o carro e pagou por ele nesse período. É melhor do que correr o risco de ter o carro apreendido e ainda ficar com dívidas”, afirma Fontes.

Nova compra
O momento é bom para quem planeja comprar um carro. Mas só para quem pode pagar à vista ou dar entrada. Com a desaceleração das vendas, as lojas fazem promoções. Vale pesquisar ofertas e juros, que para financiamento em 60 vezes sem entrada estão entre 2,5% e 2,7% ao mês. Para quem der 20% de entrada, as taxas caem para 1,8% e 1,9%. Com entrada de 40% a taxa vai para 1,4%.

*com informações publicadas no Jornal da Tarde

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